privilegiado para ensinar a pensar, ter convicção de que o papel do professor é possibilitar que seus alunos possam voar mais alto e mais longe do que o próprio professor, como quer Apolinaire. Em segunda instância, ter compromisso político dentro da escola implica crer e postular um pressuposto colocado por Philippe Meirieu, o princípio da educabilidade. Para ele, como para mim, todo ser humano é passível de ser educado. Há que se considerar importantes facetas a respeito dessa afirmação, como, por exemplo,
que existem sujeitos suscetíveis a diferentes estratégias de aprendizagem e que o tempo de aprendizagem depende também do capital cultural da família em que esse aluno está sendo criado. Todos aprendem. Não ao mesmo tempo e da mesma forma, mas todos são capazes de aprender. Assim, levando isso tudo em consideração, o professor não pode desistir de ensinar quem demora um pouco mais para compreender os conceitos estudados. Da mesma forma, não é justo que esse professor arque sozinho com essa responsabilidade, pois a tarefa da equipe diretiva da escola (coordenador, liderança, direção, pedagogos, supervisores, orientadores, inspetores de alunos) é dar-lhe suporte, tanto pedagógico, quanto emocional, para que ele desenvolva bem seu papel de mediador perante o processo de ensino. Isso requer competênciao que é ensinado e ensinar respeitando o desenvolvimento humano de cada educando. Em outras palavras: quando o professor tem domínio profundo do objeto de ensino (Língua Portuguesa, História, Ciências) ele transita com facilidade por todos os níveis de complexidade dos conteúdos e percebe imediatamente o que é possível o aluno aprender naquele momento
técnica da escola toda. A competência técnica é sinônima de coerência entre concepção
de aprendizagem, metodologia de ensino e avaliação. Possibilitar efetivamente que a aprendizagem se consolide requer compreender profundamente
Vygotsky contribui com a teoria da Zona de Desenvolvimento Real e Zona de Desenvolvimento Potencial. O espaço existente entre essas duas (Nível Proximal de Desenvolvimento) é exatamente o ponto de ação de quem educa. Quando a competência técnica permite, nós, professores, atuamos procurando puxar o aluno para a construção de saberes e habilidades que ele já consegue fazer sozinho com o nosso auxílio ou dos colegas.. Ou, nas palavras do referido autor: “É atuando no nível proximal de desenvolvimento que o professor encontra espaço para sua intervenção: constatando o que a criança já consegue realizar sozinha, ele partilhará com ela seus conhecimentos, auxiliando-a a realizar tarefas cada vez mais complexas”. (VYGOTSKY, 1988).
Sandra Bozza
Professora de Metodologia da Língua
Portuguesa
www.sandrabozza.com.br
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