segunda-feira, 12 de setembro de 2011

AS ADEQUAÇÕES CURRICULARES DEVEM SIMPLIFICAR O CURRÍCULO PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL?

Uma criança com deficiência INTELECTUAL geralmente apresenta dificuldades para
operar no nível abstrato. Isso, entretanto,
se limite a trabalhar com ela conteúdos básicos, do tipo ensino da discriminação
de cores, por anos e anos a fio, mantendo-os como objetivos
praticamente permanentes no plano de ensino para o aluno
Sabemos que há, em cada linguagem científica (matemática, ciências,
geografia, história, etc.) conteúdos que serão importantes para esse aluno no
seu processo de desenvolvimento do maior nível possível de autonomia na
administração de sua própria vida.
Assim, um aluno com deficiência INTELECTUAL, com 10 anos de idade, deveria
estar freqüentando a 4
crianças dessa faixa etária.
No plano de ensino para esse nível de escolaridade, encontra-se, por exemplo,
como um dos objetivos, que o aluno aprenda a fazer operações com frações.
Para se trabalhar este conteúdo em uma sala do ensino regular, entretanto,
o aluno já deverá ter construído conhecimento sobre quantidade, representação
gráfica de quantidade, operações matemáticas básicas, noções básicas
da teoria de conjuntos (conhecimento do todo e das partes que o constituem,
operações de adição, de subtração, de divisão e de multiplicação de partes e
de todos).
Ora, constata-se que o conteúdo correspondente ao objetivo em questão
encaminhará para a necessidade de se operar, em algum momento, no nível
da abstração...
Haverá, dentre alunos com deficiência INTELECTUAL, os que conseguirão dominar
muitos dos itens envolvidos nessas operações. Outros encontrarão maior dificuldade
desde os itens iniciais. Cada um, enfim, apreenderá maior ou menor
nível de conhecimento, dentro do continuum pretendido, dependendo de suas
características pessoais, de sua história de aprendizagem, e dos procedimen
não pode ser justificativa para que.a série do Ensino Fundamental, juntamente com as demais18
tos do ensino adotados. Haverá casos, entretanto, em que aprender a realizar
operações com frações poderá exigir tantos anos de desafio e de dificuldades
que anulará sua própria função no desenvolvimento educacional.
Haveria, na área da matemática, conceitos e
operações que lhe seriam mais úteis para o
exercício da cidadania e a aquisição de uma vida
com maior qualidade?
Veja, um aluno com deficiência INTELECTUAL, que enfrenta grandes dificuldades
para apreender e operar com conhecimentos abstratos, poderia se beneficiar
do ensino das placas de ônibus, de forma que se possa tornar menos dependente
para sua locomoção na cidade; da mesma forma, poderia se beneficiar
com a aprendizagem do reconhecimento e utilização do dinheiro, do controle
de troco, ou mesmo da identificação das situações em que precisa de ajuda
para o uso do dinheiro; onde procurar ajuda? A quem procurar, em situações
na comunidade? De quem solicitar informações e orientação?
Todas essas aprendizagens poderiam constituir objetivos de ensino mais
significativos para a vida do aluno, fazendo da escola um equipamento social
mais eficaz na missão de socializar o conhecimento já produzido pelo homem,
e de favorecer o desenvolvimento da cidadania.
A decisão de eliminar o domínio das operações com fração como
objetivo de ensino para esse aluno não pode, entretanto, ser decisão
somente do professor
benefício que poderá representar para o aluno, tendo como parâmetro a
missão da educação. Implica, além disso, procedimentos detalhados e cuidadosos
de tomada de decisão que recomenda a participação de uma equipe
de apoio multiprofissional.
Não podemos esquecer que
para um determinado aluno
nos cansado de tentar ensinar para alguém que apresenta dificuldades.
. Ela tem de ser fundamentada na análise ampla doa decisão de se ajustar objetivos de ensinonão pode jamais ser provocada por já termos
Jamais, também, ela pode ser determinada pelos interesses do professor, ou
da escola, ou da burocracia, etc.
ESSA DECISÃO DEVE SER SEMPRE DETERMINADA PELA ANÁLISE
CRÍTICA DE COMO A ESCOLA PODERÁ MELHOR CUMPRIR COM OS
OBJETIVOS EDUCACIONAIS A QUE SE PROPÕE, ALIADO AO QUE FOR DE
MAIOR BENEFÍCIO PARA O ALUNO EM QUESTÃO.
FONTE:
Projeto Escola Viva - Garantindo o acesso e permanência de todos
os alunos na escola - Alunos com necessidades educacionais
especiais,
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial,
C327 2000

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